A VIOLÊNCIA PELO NOSSO OLHAR....

É UMA PROPOSTA DE DIÁLOGO COM GRUPOS QUE MOBILIZAM O SETOR DA CULTURA, EDUCAÇÃO E MOVIMENTOS SOCIAIS. TEM COMO OBJETIVO FACILITAR E INTRIGAR OS PARTICIPANTES COM EIXOS TEMÁTICOS QUE TRATAM DAS DIVERSAS FORMAS DE VIOLENCIAS QUE DIRETAMENTE OS ATINGEM NO COTIDIANO. AO MESMO TEMPO, PRETENDE DAR VISIBILIDADE E PONTENCIALIZAR O IMPACTO DAS AÇÕES DESSES GRUPOS NO CICLO DA VIOLÊNCIA.

SEMINÁRIO ORGANIZADO PELAS INTITUIÇÕES ANTICINEMA, ARTEFEITO, MOVIMENTO ARTE JOVEM BRASILEIRA E MOVIMENTO ENRAIZADO COM APOIO DA FASE - FEDERAÇAO DE ORGÃOS PARA A ASSISTÊNCIA SOCIAL E EDUCAÇÃO.

PELA PRIMEIRA VEZ FOMOS CONVIDADOS A PARTICIPAR COM O COLETIVO COMANDO SELVA.
A RUA AGRADECE AO CONVITE.


EU MVHEMP, AMBULANTE CULTURAL, FIZ ESSE TEXTO PRA FALAR UM POUCO SOBRE O OLHAR DO COMANDO SELVA SOBRE A VIOLÊNCIA E AS FORMAS QUE O CS22 VEM COMBATENDO A VIOLÊNCIA NAS FAVELAS DO BRASIL. NA MAIORIA DAS VEZES SEM VERBA, MAS COM MUITA CRIATIVIDADE, APOIO DA COMUNIDADE E DOS ARTISTAS DE RUA E OUTROS COLETIVOS. ENQUANTO O SISTEMA COMBATE A VIOLÊCIA COM ARMAS NÓS DO COMANDO SELVA COMBATEMOS A VIOLÊNCIA COM AMOR ,ARTE E CRIATIVIDADE.





COMANDO SELVA


No ano de 2002 o Comando Selva nasce em Bangu na zona oeste do Rio. Coletivo de MC’s, grafiteiros, B-Boys, Dj’s, poetas e pessoas que representam as comunidades e estão pela transformação. O Coletivo Selva vem ao longo dessa jornada viajando pelo Brasil de forma independente, participando de eventos, desenvolvendo o diálogo, a troca de idéias e cultura com outros grupos e coletivos que focam a conscientização social e formas de atuar positivamente para a mudança, através da música, vídeo, artes gráficas e cultura urbana. O comando selva propõe de forma horizontal a troca de informações e experiências para interligar as pessoas abertas ao diálogo e dispostas à ação livre, com a intenção de catalisar a mobilização para a revolução de pensamento, em busca da libertação das mentes e das comunidades no mundo.

Fortalecer a transformação conjunta a partir da mudança de atitude individual. E é nessa caminhada de batalhas, alegrias, realizações e vitórias que estão surgindo espaços de discussão e realização de fato de uma cultura alternativa onde o principal é a ligação de cabeças pensantes e ativas para a manutenção e sobrevivência de um saber construído conjuntamente. A internet aparece nesse momento como uma das ferramentas fundamentais para interligar as pessoas de diversas partes do mundo que estão na mesma sintonia de pensamentos e ações.




Porto Alegre - 2009


Ações de enfrentamento da violência que o Comando Selva promove:


O Comando selva vem desde o início de sua formação trabalhando formas diferentes de enfrentar a violência nas favelas, a primeira forma que encontramos foi a música. Percebemos que as pessoas ao nosso redor nas comunidades do Rio de Janeiro estavam cada vez mais exaltando a violência através do canto e cada vez menos reconhecendo coisas mais importantes como o amor, o respeito pelo semelhante, os nossos gêneros musicais e os costumes regionais. Em nosso ponto de vista essa violência se dá principalmente por causa da influência massiva européia e da América do Norte em nosso povo. Resolvemos tentar reverter um pouco esse quadro através do ritmo e poesia. Começamos a escrever letras misturando ritmos, defendendo a natureza, exaltando o lado bom das favelas, desmistificando toda uma imagem violenta que a grande mídia burguesa passa de nossas comunidades.

Outra forma de combater a violência foi a criação de nossa própria mídia alternativa independe, numa grande rede pelo Brasil que se fortaleceu através do escambo de materiais dos coletivos das favelas por onde passávamos e através de redes sócias como Orkut, Fotolog, Myspace, etc. Começamos a viajar os estados mesclando nossa cultura carioca das favelas do Rio com as culturas das favelas que visitávamos. Numa grande troca de saberes, tornando o nosso som a cada segundo mais brasileiro e que a partir daí foram nascendo mais formas de combater a violência.




Oficina de rima Licença Poética – Recife 2009


Mutirão de Graffite

Outra forma foi o Mutirão de Graffite que trouxemos do Recife e implantamos nas favelas do Rio de Janeiro. Percebemos que a grande mídia corporativa separa nossos jovens através do individualismo e o consumismo que a publicidade em excesso provoca. Também ‘’fabrica’’ o medo através da enxurrada de notícias violentas. Separação de classes, brigas entre jovens nos bairros e mostrando sempre as comunidades como lugares intransitáveis são notícias recorrentes que mantêm a baixa estima dos moradores desses lugares. E pior, fazendo com que nossos jovens e crianças a todo o momento se sintam excluídos por não corresponderem as expectativas que a televisão impõe como ‘’normal’’, o modo de vida da classe alta. E até os poucos artistas nascidos na favela, que se destaca na mídia burguesa, se afastam rapidamente de suas casas nas comunidades, seguindo essa lógica egoísta.

Resolvemos escolher uma comunidade do Rio de Janeiro Bangu zona oeste onde o Estado é totalmente ausente. Convocamos graffiteiros, artistas de circo, poetas, músicos, Mcs, fotógrafos, lideranças comunitárias, comerciantes do bairro. Propomos um grande mutirão cultural para mudar um pouco a cara triste da favela. Deu super certo! Cada um contribui como pode e o espírito solidário venceu. Daí por diante fomos fazendo em outras favelas em parcerias com as resistências culturais, associações de moradores e qualquer um que quisesse levar arte e cultura a sua comunidade. Passamos por várias favelas entre elas Arará, Morro do Sossego, Bangu, Complexo do Alemão, Tuití, Mangueira, Senador Camará (Favela do Sapo), entre outras. O projeto continua até hoje sendo realizado por qualquer um que deseje articular culturalmente o lugar onde mora.



MvHemp e Muleka na ação Mutirão de Graffiti na Bahia - 2009









C.C.R.P (Circuito Carioca de Ritmo e Poesia)


Mais são tantas as violências que acontecem no Brasil, com milhares de formatos diferentes que não podemos parar de ter novas idéias para combatê-las. Outra violência que constatamos recentemente é a aniquilação da nossa cultura de rua que funcionava como uma inovadora forma de educar através das músicas, graffites, novas trocas de idéias entres os jovens das comunidades. Mais as grandes mídias junto com as empresas capitalistas perceberam a expansão da nossa cultura e começaram a transferir ela para os grandes espaços privados como boates, galerias de artes. Espaços das mesmas empresas que lucram com mão de obra ‘’escrava’’ pelo restante do mundo e quem mora nas comunidades se distância totalmente da cultura legítima de rua.

Pra fortalecer a cultura de rua resolvemos criar o C.C.R.P - Circuito Carioca de Ritmo e Poesia. É o encontro de várias pessoas entre elas poetas, fotógrafos, Mcs, graffiteiros, artistas plásticos e quem quiser somar de alguma forma, moradores de rua e de comunidades com o intuito de levar arte e cultura gratuita nas praças públicas de bairros do Rio. Numa grande troca cultural que funciona semanalmente nos seguintes bairros: Bangu, Lapa, Flamengo, Copacabana e São Cristovão. O projeto já está crescendo e sendo bem aceito por todos que gostam de arte e cultura e não têm dinheiro pra gastar semanalmente em boates ou salas de culturas, que são caros no Rio de Janeiro.




C.C.R.P – Roda da Lapa 2010




Por outra Comunicação: TV Improviso e Reciclando Pensamentos


Outra forma de violência que nos preocupa bastante, pois não domina só os jovens brasileiros mais também a grande maioria da população mundial, é a televisão. Ela dita normas e regras há muito tempo num grande monopólio que se espalha mundo a fora. Para combater esse império da mídia burguesa decidimos criar uma web TV que se chama TV Improviso, onde entrevistamos artistas das comunidades e pessoas que fazem a diferença na forma de pensar a arte, a cultura, e a educação no Brasil.

Também criamos o programa de auditório que se chama Reciclando Pensamentos. Sempre que podemos realizamos ele dentro de alguma comunidade e espaços que não cobrem entrada para podermos debater com nossos jovens como eles estão vendo o mundo atualmente, seus medos, suas idéias. O Reciclando também abre as portas para novas bandas realizarem pequenos shows, artistas não conhecidos pelo grande público, apresentações de poesias, duelos temáticos de Mcs. Tudo de forma livre e democrática e com a platéia interagindo do inicio ao fim do programa.



Reciclando Pensamentos - 2008




Incentivando a economia humanizada


Mais a luta contra a violência não acaba, as grandes mídias incentivam o consumismo através da música, do esporte, do cinema entre outros inúmeros meios. Os atletas, principalmente os do futebol e que em sua grande maioria vêm de comunidades, tornam-se simplesmente grandes vitrines vivas das marcas multinacionais de produtos esportivos. Sem nenhuma responsabilidade social, essas marcas têm venda garantida para crianças e jovens que vêem, alienadamente, esses esportistas como grandes (e únicas) referências em suas vidas. Os pais desses jovens em sua maioria não têm dinheiro para seguir os ditames da indústria. Assim dessa forma é que muitos adolescentes cometem furtos para ostentar essa ideologia do consumo.

Contra essa violência resolvemos brincar de uma forma saudável. Criamos uma serigrafia ambulante que atende vários pixadores, graffiteiros e desenhistas que criam suas marcas dentro da favela e vendem, aproximando mais essas marcas à realidade que vive. Ensinamos todo o processo de montar uma serigrafia num custo barato e apoiamos esses jovens a fazerem parcerias com costureiras locais, dentro do contexto da Economia Solidária. Fortalecendo toda uma corrente de iniciativas, que beneficia a todos os envolvidos. Aqui em Bangu tem dado super certo com vários jovens. Estimulando a criatividade e o espírito crítico, as pessoas envolvidas deixaram de usar as marcas capitalistas e passaram a usar roupas produzidas na comunidade.









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